Colaboração para Impulsionar o Financiamento da Conservação para Projetos de Carbono Florestal no Brasil
Investir na natureza proporciona múltiplos benefícios em termos de mitigação e resiliência climática, além de oferecer outros benefícios econômicos e comunitários
Aproximadamente metade das emissões humanas atuais são absorvidas por terras e oceanos.
A floresta amazônica absorve um quarto do CO2 absorvido por todas as terras do planeta. As florestas da Amazônia armazenam mais de 500 toneladas de CO2 por hectare.
Essas áreas também abrigam mais de três bilhões de árvores e cinco mil espécies de fauna.
Apesar desses benefícios, a natureza e as florestas tropicais em particular, estão em declínio global.
Estima-se que 420 milhões de hectares de florestas foram convertidos para outros usos da terra entre 1990-2020. Embora a taxa de desmatamento tenha diminuído durante esse período, de 15,8 milhões de hectares por ano em 1990-2000 para 10,2 milhões de hectares por ano em 2015-2020, ainda é uma taxa alarmante de degradação das florestas.
O CO2 absorvido pela floresta amazônica é 30% menor do que na década de 1990 devido ao desmatamento.
O Brasil alcançou uma extraordinária redução de 50% no desmatamento em 2023 (em comparação com 2022) na Amazônia Legal. No entanto, mais financiamento é necessário para proteger e manter suas florestas tropicais.
A região enfrenta um estresse sem precedentes devido ao aumento das temperaturas, secas extremas, desmatamento e incêndios, até mesmo em áreas remotas. Os ciclos de feedback tradicionais entre a floresta tropical e o ambiente estão sendo substituídos por novos, reduzindo assim a resiliência do ecossistema e aumentando o risco de transições críticas.
O Mercado Voluntário de Carbono (MVC) pode ser uma ferramenta impactante para atrair financiamento do setor privado para projetos de conservação e restauração da natureza. A Aon, empresa líder global de serviços profissionais, está trabalhando com a Future Climate para construir um mercado robusto para apoiar a expansão do MVC e o desenvolvimento de projetos de alta qualidade. Isso significa que qualquer comprador pode contratar uma apólice de seguro para proteger seu investimento em caso de não entrega devido a uma série de razões, como catástrofes naturais que impactam os projetos. O seguro é crucial para restaurar a confiança dos compradores no MVC e, em particular, nos projetos de carbono baseados na natureza.
O Brasil foi um dos primeiros países a explorar o mecanismo do MVC, quando o Fundo Verde para o Clima disponibilizou USD 500 milhões para um programa piloto REDD+ para Argentina, Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador, Indonésia e Paraguai em 2017. No entanto, o financiamento privado por meio do MVC foi prejudicado
por questões de transparência do mercado e problemas de conformidade decorrentes de alguns projetos existentes na região.
O desenvolvimento de Soluções Baseadas na Natureza (NBS) robustas, que aderem aos mais altos padrões de qualidade e integridade, é crucial para atrair compradores globais estratégicos e investidores climáticos no MVC. A Future Climate está comprometida em elevar o padrão para projetos de carbono florestal, visando estabelecer um novo parâmetro de qualidade de projetos e liderar a implementação de propostas que estejam alinhadas às expectativas em evolução do MVC 2.0. Isso inclui a implementação das melhores práticas desde o início do desenvolvimento do projeto, incluindo:
Certificação de classe mundial: Todos os projetos serão certificados sob o Verified Carbon Standard (VCS) e o Climate Community and Biodiversity (CCB) Standard, e aplicarão a metodologia REDD+ mais recente (VM0048).
Alto impacto ambiental: Todos os projetos se concentrarão na conservação de grandes áreas de florestas primárias e no direcionamento de fundos para pesquisa científica e restauração florestal.
Potencial elegibilidade sob o Artigo 6: O Governo está alinhado ao MVC global e a agenda do Artigo 6 está em discussão pelas autoridades brasileiras.
Benefícios sociais: Até 85% das receitas serão destinadas à promoção do desenvolvimento sustentável, com 50% do total sendo direcionado aos beneficiários das comunidades locais.
Classificação independente de qualidade: A Future Climate está trabalhando com a Sylvera, uma agência de classificação de créditos de carbono, para avaliar os riscos dos projetos e desenvolver classificações pré-emissão para os projetos; e
Gestão de riscos e seguros: Incorporar seguros em projetos do MVC reduzirá o risco para compradores e investidores; a corretora de seguros global Aon fornecerá acesso a capital de risco para ampliar a disponibilidade de seguros no mercado.
Sem a infraestrutura adequada e mecanismos de mitigação de riscos, é quase impossível atrair o capital de investidores institucionais na escala que o Mercado Voluntário de Carbono exige para um progresso significativo em direção ao net zero.
Estamos trabalhando com a Future Climate para ajudar a a dar forma a melhores decisões nessa área, enquanto exploramos soluções que diminuam a potencial volatilidade e aumentem a resiliência. Ao integrar considerações de risco e seguro no ciclo de desenvolvimento do projeto em um estágio inicial, a Future Climate está ajudando a garantir a melhor possibilidade de sucesso para projetos nesse espaço.
Natalia Moudrak,
Managing Director, Aon’s Climate Risk Advisory
O seguro desempenha um papel fundamental em reforçar a confiança dos compradores no Mercado Voluntário de Carbono, especialmente para projetos de carbono baseados na natureza. A expertise em gestão de riscos da Aon atrai investidores institucionais ao esclarecer riscos e medidas de mitigação.
A colaboração Aon-Future Climate fortalece o Mercado Voluntário de Carbono 2.0 com integridade e transparência, criando produtos sofisticados que vinculam os mercados de carbono, financeiro e de seguros. Isso acelera a transição para uma economia de baixo carbono, visando um mundo de emissões líquidas zero até 2050.
Fábio Galindo
CEO, Future Climate Group
“O Brasil tem muito a ganhar com o financiamento público e privado em projetos de Mercado Voluntário de Carbono de alta
qualidade. Esses projetos têm o potencial não apenas de ajudar a sequestrar carbono, mas também de gerar benefícios ambientais, sociais e econômicos adicionais para as comunidades locais. O suporte de seguros será fundamental para gerar confiança de que os resultados dos projetos serão alcançados e para ajudar a abordar uma série de riscos que desenvolvedores de projetos, compradores de créditos de carbono, investidores e credores possam estar preocupados. A Aon no Brasil está entusiasmada com a oportunidade de conectar capital e risco para desbloquear o potencial de escala do mercado no País, incluindo o importante trabalho que a Future Climate está liderando.”
Thiago Lang, Diretor de Industry
Specialties, M&A e Soluções em ESG, Aon
Brasil